quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Queda das redes sociais.


 Queda das redes sociais... A despeito da falta do contato com os amigos, confesso que tive um sentimento de muita liberdade. Como se estivesse alforriada a entregar-me inteira ao meu tempo e lugar, ao aqui e agora. Devolvida ao instante.


As redes sociais são, também, grilhões virtuais, coleiras amestradas. Um apelo à confissão. Se até o século XIX, o lugar da confissão era nos recônditos indevassáveis das Igrejas, aos ouvidos dos padres, e depois disso,  no inviolável divã do analista, as redes sociais são um confessionário distópico, porque confessa-se sozinho,  mas a confissão é pública, por todos escutada e analisada. E mais: Sem direito a perdão e nem promessa de cura.


Além de um confessionário, é um mecanismo  inquisitorial. A cultura do cancelamento é um sintoma desse Tribunal da Inquisição pós-moderno. Não há contraditório, apenas a prolatação de sentença "inaudita altera pars".


E um forte mecanismo de controle:


Controle de corpos, controle de mentes, controle de vidas. 


Mas, sem sermos peixes já caímos inarredavelmente nas redes. E podemos fazer bom uso delas, ao evitarmos sermos usados por elas. Escapando de sermos, desavisadamente, capturados pelas Redes da Confissão e pelas Redes da Inquisição. E porque não dizer, pelas Redes de Intrigas e das Mentiras. Quanto a essas últimas, um blackout permanente do WhatsApp e outras redes cibernéticas dispensaria qualquer passeata pró-impeachment. O atual mandatário da Nação cairia direto ao rés do chão sem "redes" de proteção.


Portanto, ao estarmos pelas redes "enredados", que caiamos  tão somente nas Redes da Partilha para nelas, sem descolamento da realidade, nos balançarmos com os amigos.

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